quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Projeto Internacional de revitalização de áreas urbanas degradadas chega ao Brasil

Com o objetivo de apoiar iniciativas de desenvolvimento interno sustentável das cidades latino americanas, o projeto URBAL III “INTEGRATION – Integrated Urban Development” articula as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Bogotá (Colômbia), Chihuahua e Guadalajara (México) e Quito (Equador), sob coordenação da cidade de Stuttgart (Alemanha), em nome da União Européia, e realiza encontro de trabalho no Brasil.

Por meio de metodologias e exemplos, o projeto visa mostrar como pode ser eficiente ocupar os centros das cidades, principalmente áreas contaminadas e espaços abandonados, que apresentam um grande potencial para serem entregues novamente ao cotidiano das populações. No Brasil, São Paulo já vem trabalhando para revitalizar a antiga zona industrial da Mooca e no Rio de Janeiro, um terreno industrial abandonado no bairro de Engenho de Dentro, com grande concentração de indústrias. O projeto permite aprender com a experiência alemã, onde já se realiza este tipo de abordagem há muitos anos.

São Paulo e Rio de Janeiro, como muitas outras cidades no Brasil e no mundo, crescem nos bairros da periferia, enquanto o espaço central registra queda no número de habitantes. “Esta tendência não é sustentável, uma vez que leva à ocupação de áreas verdes, impermeabilização crescente do solo, aumento dos deslocamentos e mobilidade desnecessários, além de reforçar a segregação social”, explica Andreas Marker , coordenador do projeto no Brasil.

A Secretaria do Verde está trazendo para São Paulo o conceito da cidade compacta. É um programa de reurbanização, de eficiência energética e de cultura de paz. Visa recuperar de forma racional e pluriclassista o centro e o centro expandido, que sofre esvaziamento populacional, e evitar o espalhamento da cidade, sobretudo nas áreas de mananciais e de proteção ambiental, que foram alvo de ocupações nas últimas décadas.

Na semana entre os dias 13 e 18 de setembro, autoridades de todas as cidades participantes, inclusive de Stuttgart, estarão no Brasil para conhecer os projetos-piloto das cidades brasileiras. O ponto crucial será o Seminário Internacional “São Paulo - Cidade compacta”, que acontece no dia 15 (quarta-feira), das 09h às 18h, na prefeitura de São Paulo e vai apresentar e discutir experiências e iniciativas de renovação urbana e desenvolvimento interno em andamento no município de São Paulo, frente à experiência alemã.

Na ocasião, além das autoridades internacionais, estarão presentes o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, os secretários municipais do Verde e Meio Ambiente, do Desenvolvimento Urbano, e da Habitação. Com apoio do ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade, o evento é realizado pelo Projeto Integration e prefeitura de São Paulo.

Projeto Integration

O projeto Integration chama a atenção para a importância da revitalização de áreas degradadas, da coesão social e do desenvolvimento econômico. Trata-se de possibilitar que as cidades aproveitem a experiência alemã e de Stuttgart em especial, onde é forte a idéia de melhorar o aproveitamento das áreas degradadas dos centros urbanos para evitar o crescimento das manchas urbanas e utilizar intensamente as áreas já dotadas de infraestrutura. No caso da América latina trata-se ainda de evitar a ocupação de áreas de risco, tais como encostas e margens de córregos.

Um outro aspecto a ser ressaltado é a necessidade de se cuidar da existência de contaminação em solos anteriormente ocupados por indústrias ou mesmo para a deposição de materiais contaminados.

“Há muito risco em ocupar áreas contaminadas. Colocar conjuntos residenciais em cima de um lixo industrial, por exemplo, pode afetar a saúde dos moradores”, aponta Marker. Ele explica que antigas áreas industriais poderiam ser ocupadas e não o são por causa de sua contaminação ou pior, ocupadas mesmo estando contaminadas. Em São Paulo isso já não é um problema, mas outras cidades desconhecem essa questão.

Ao participar do projeto, além da possibilidade de instituir ou aperfeiçoar os marcos legais municipais existentes, cada cidade recebe € 120 mil para a realização do projeto piloto, voltados, por exemplo, para contratação de consultores que elaborem planos arquitetônicos, executem investigação do solo para saber se há contaminação e o que pode ser feito ou não no local, entre outros. Os parceiros devem participar ativamente do projeto, de seminários e encontros, fornecendo dados, e transmitir a experiência adquirida. Cada cidade recebe um pequeno recurso financeiro e tem a oportunidade de troca de experiência no projeto Integration, e deve fazer seu diagnóstico e promover as ações necessárias para a revitalização das áreas. O resultado esperado é que cada projeto piloto demonstre a possibilidade do desenvolvimento interno da cidade por meio da ocupação de áreas ociosas.

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