terça-feira, 20 de julho de 2010

Como fica a África do Sul após a Copa do Mundo?

A realização da Copa do Mundo na África do Sul foi um sucesso. Torcedores estrangeiros, que a princípio estavam céticos, voltaram para casa contaminados pela energia africana. Mesmo após a eliminação prematura do time da casa, os sul-africanos continuaram agitando suas bandeiras e soprando suas vuvuzelas.

Após o apito final no dia 11 de julho, o presidente Jacob Zuma agradeceu a seus compatriotas pelo mês “inspirador e renovador”. Sepp Blatter, presidente da FIFA, deu à África do Sul uma nota nove pela realização da Copa e afirmou que apoiará qualquer iniciativa do país para sediar as Olimpíadas. Durban já apresentou uma proposta, e a Cidade do Cabo deve seguir pelo mesmo caminho.

Mas será que a África do Sul quer mesmo sediar outro mega-evento esportivo? A Copa do Mundo custou cerca de 55 bilhões de rands (US$ 7,3 bilhões), o equivalente a 6% do orçamento anual do país. Num país onde mais de 40% das pessoas vivem com menos de US$ 2 ao dia, a FIFA acabará com boa parte dos lucros, cerca de 25 bilhões de rands, deixando a África do Sul com os elefantes brancos: os dez magníficos, porém agora inúteis, estádios de futebol criados para o evento. Mas a África do Sul também lucrou. Cerca de meio milhão de turistas visitou o país pela primeira vez, motivados pela Copa.

Talvez o grande benefício da Copa tenha sido a ressurreição da auto-estima sul-africana. A Copa encheu de orgulho a população local, negra e branca. A bandeira sul-africana de seis cores, antes desprezada pela população branca, agora está em carros, lojas e casas de todos os grupos raciais. O futebol, antes visto como o esporte dos negros, foi adotado por todos, e até mesmo um juiz branco utilizou o uniforme da seleção nacional em pleno tribunal. No último mês uma nação dividida se reaproximou. Pode ser algo temporário, mas, sem dúvida, é algo que será lembrado no futuro.

Após o período de excitação, a imprensa sul-africana voltou à sua programação normal de crime, abuso policial, estupradores de crianças, corrupção, protestos, problemas de energia, desastres automobilísticos, ameaças de greves e disputas políticas. O retorno de ataques xenófobos teve como alvo imigrantes africanos – a maioria deles, do Zimbábue – que têm sido perseguidos e estão retornando a seus países de origem.

Enquanto isso, os sul-africanos se perguntam por que um país capaz de sediar um evento global de tamanha magnitude não consegue encontrar a mesma dedicação para resolver seus problemas. Como Zuma disse recentemente, os sul-africanos não podem – 16 anos após a conquista da democracia – seguir culpando o Apartheid por todos os seus problemas.

Fonte: www.opiniaoenoticia.com.br

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