terça-feira, 11 de janeiro de 2011

2011 e os Furúnculos de Dilma

2010 foi um ano tão tedioso que cheguei a pensar em não renovar a assinatura de jornais. Nem mesmo a Lei da Ficha Limpa – que tinha tudo para ser a reforma do ano - foi pra valer, pois um velhaco mudou um verbo na última hora e os colegas aceitaram. Longamente presos ao clima “não faça marola, temos que ganhar a eleição a qualquer custo”, nenhum político faria reformas.

A falta de reformas criou alguns furúnculos na economia, que intumesceram e estão vindo a furo: a inflação saiu da meta; as contas externas apontam para um estouro de US$ 64 bi, segundo o Banco Central; e, o pior de tudo, não tem sobrado dinheiro para pagar os juros da dívida pública, que só cresce. As bactérias estão aí e, por isso, os furúnculos incham. É o resultado da paralisia política dos últimos anos.

Essa situação aflitiva vai obrigar a presidente Dilma a fazer intervenções, para evitar o descalabro. Mas há um lado positivo: 2011 traz em seu DNA esperança para os empresários que lutam num mercado competitivo. Algumas opções são: a presidente vai onerar as importações; ou vai desonerar os custos de produção interna; ou vai dar incentivos aos exportadores, melhorando a margem; ou vai baixar o custo de capital para a pequena e média empresa; ou vai manter o câmbio flutuante apenas para países que também deixam sua moeda flutuar (política do olho por olho). Comum a todas essas alternativas, a presidente Dilma vai esfriar o consumo, amenizando o apagão da mão de obra que tortura os empresários e é fonte de inflação. Viva 2011.

Os furúnculos que estão vindo a furo vão exigir a atenção da presidente logo no começo. Isso agrada os verdadeiros empresários, pessoas que têm pressa. Outra conseqüência boa: a situação interna não deixará tempo disponível para que seja mantido o protagonismo almejado nos últimos anos no cenário mundial. Foi um fracasso. Dilma já sinalizou. Nossas trapalhadas jogaram para longe o assento importante na ONU que pretendemos. Foi trabalho de amadores. Agora é dar tempo para que os líderes mundiais esqueçam nossas contradições.

Mais pressão em cima da presidente: Copa e Olimpíadas têm data pra valer, e não dão espaço para a maneira “faz de conta” de tocar projetos. Ou aprontamos os estádios ou teremos um fiasco histórico. Ou expandimos os aeroportos ou sofreremos uma vergonha. Ou melhoramos o transporte ou o distinto público não assistirá os jogos. Essas questões cabeludas exigem planejamento e execução por profissionais de primeira, raramente recrutáveis no meio político. Quanta oportunidade o ano de 2011 está trazendo para os empresários!

As exigências de 2011 estimularão empresários e jornalistas a arregaçarem as mangas; os empresários, refinando suas estratégias de negócios e planejando como tornar suas equipes mais eficientes num mercado cambiante; e os jornalistas, imaginando matérias que despertem a paixão do assinante. Uma prece não vai atrapalhar, porém.


Por Valdivo Begali
Mestre em Administração e possui cursos de especialização em Planejamento Estratégico nas Universidades Columbia e Michigan State, dos EUA. Trabalhou, antes de ser consultor, em grandes companhias, no Brasil e no exterior. É membro da Association for Strategic Planning de Los Angeles. Atua como consultor em gestão empresarial há dez anos. É Coach Certificado pelo ICI e autor do livro “Trabalho de Equipe – Como Revolucionar Sua Empresa”, Juruá Editora. Acesse: www.ciadeplanejamento.com.br.

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