segunda-feira, 16 de julho de 2007

Valentinas e anjos, o sobrenatural nas tramas


Novelas da Globo utilizam os elementos “espirituais” para atrair telespectadores

Eles têm poderes especiais e o dever de, literalmente, encantar os telespectadores de “Eterna Magia” e “Sete Pecados”. Na novela das seis, de Elizabeth Jhin, as valentinas, descendentes de feiticeiras, usam seus dons especiais para alcançar seus objetivos. Na trama das sete, é a vez de o trio angelical de Walcyr Carrasco divertir com suas confusões. “Bruxas e anjos são recursos que agradam ao telespectador porque, de certa forma, transcendem a religião. Por mais católico que o país seja, por exemplo, tem muita gente que recorre as simpatias populares. Tem um lado místico”, diz Cláudio Mayer, especialista em teledramaturgia.

O uso de personagens ou recursos sobrenaturais não é mesmo novidade nas novelas. A primeira versão de “O Profeta”, exibida em 1977, foi a pioneira em relatar o sobrenatural. Recentemente, a regravação da história do vidente repetiu o sucesso da primeira versão. Antes dela, “A Viagem” e “Alma Gêmea”, que retratavam o tema da reencarnação em suas tramas, também agradaram, “É uma tendência que a Globo vem seguindo”, afirma Cláudio Mayer.

Apesar de seguirem as mesmas tendências, as duas novelas usam o realismo fantástico de maneiras distintas. “Eterna Magia” estreou com rituais mágicos e um atributo à cultura celta, na segunda fase, a magia assumiu outros contornos e gerou polêmica. Mas a trama deve voltar a dar destaque à bruxaria, quando a Nina (Maria Flor) e Eva (Malu Mader) usarem seus dons para brigar pelo amor de Conrado (Thiago Lacerda).

Em “Sete Pecados”, os anjos custódia (Cláudia Jimenez) e Berenice (Thalma de Freitas) tomaram a forma humana para não destoar a trama urbana e contemporânea. “Além de aprontarem confusões, eles dizem coisas importantes do ponto de vista humano e ético”, fala Walcyr Carrasco.

Adepta da bruxaria reclama das mudanças

Tânia Gori, idealizadora da Universidade Livre Casa de Bruxa, está reunindo assinaturas para pedir a globo o fim das mudanças em “Eterna Magia” – a bruxaria perdeu espaço na segunda fase da trama.

“Nos primeiros capítulos, a novela mostrou a bruxaria como filosofia de vida, os rituais eram belos e tinham veracidade. Estávamos contentes por ter esse espaço para desmistificar o estereótipo de que bruxa é corcunda e tem verruga no nariz. De repente, a trama se desviou”, diz.

Para ela, a novela estaria sofrendo pressão dos grupos evangélicos. Informação que é negada pela assessoria da Globo. Segundo a emissora, as mudanças já estavam previstas e não estão relacionadas à pressão dos evangélicos e nem ao Ibope – que gira em torno de 26 pontos.

Fonte: Folha de Pernambuco (14/07/2007)

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