sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Israel e Palestina: juntos pela Copa 2018?

ONG quer Pelé como padrinho da campanha que ajudaria a unir os dois povos



Inimigos políticos de longa data, Israel e Palestina podem dar uma chance à paz através do futebol. Se depender da iniciativa de uma ONG palestina, a idéia pode se tornar realidade, na realização conjunto da Copa do Mundo de 2018.

O projeto de levar uma competição dessa magnitude para uma das regiões mais conturbadas do planeta partiu da Dandylion Group, que tem por objetivo dar voz aos grupos mais moderados dos dois países, que normalmente não são ouvidos, tamanho o barulho que os radicais (chamados pela ONG de "hooligans") provocam. A intenção é tirar a discussão em torno da paz entre os dois povos da esfera política e passar para o esporte, um meio mais agregador.

O GLOBOESPORTE.COM conversou por e-mail com Eytan Heller, criador da
campanha e diretor de seu vídeo promocional. Eytan contou que a idéia de tentar a paz através do futebol surgiu por causa do Brasil. Em 2006, durante a Copa da Alemanha, ele reparou que palestinos e israelenses torciam muito pela seleção brasileira! “Nunca tinha visto os dois povos dividirem uma mesma paixão”. Depois disso, viu que África do Sul e Brasil – países com problemas de segurança - vão receber as duas próximas Copas do Mundo com todo o apoio da Fifa. Foi o começo de seu sonho.

GLOBOESPORTE.COM: A campanha para sediar uma Copa do Mundo é algo grandioso, e convencer o mundo de que Israel e Palestina podem fazê-lo vai ser difícil. Você pretende levar esta idéia até o fim?
Eytan Heller: A idéia de organizar uma Copa do Mundo em Israel e na Palestina é vista por muitos como uma utopia. O mesmo pode ser dito sobre a paz entre os dois países. Durante a última Copa, na Alemanha, eu viajei para Ramallah (cidade palestina a 15km de Jerusalém) para visitar uns amigos, e todo mundo lá torcia pelo Brasil; e o mesmo fenômeno estava acontecendo em Israel. Foi a primeira vez que testemunhei israelenses e palestinos dividindo uma mesma paixão. Essa incrível situação me deu a idéia de unir os dois povos em torno do futebol. Existe pouca esperança e pouca visão no que dizem os políticos. Essa campanha tenta trazer uma nova realidade para Israel e Palestina, uma visão de longo prazo onde todos podem viver normalmente e aproveitar o que as pessoas aproveitam em países em paz: esporte, cultura, etc.

As falsas notícias no site da campanha levam muita gente a pensar que o seu projeto não é serio...
As piadas na seção de notícias são o outro lado da campanha, que tenta mostrar e imaginar uma realidade onde o humor é o centro. O humor pode ser a única coisa capaz de salvar o Oriente Médio da autodestruição.

A campanha tem o respaldo dos governos dos dois países?
Acredito que a Fifa não tem conhecimento da nossa campanha e, até onde sei, os governos de Israel e Palestina não deram nenhum sinal de que conhecem nossas propostas. Nossa campanha ainda está no começo e ainda não teve muita divulgação na mídia, só na internet, no Youtube.

E a sociedade, como tem reagido?
Pelas respostas que recebemos, parece que muitos israelenses e palestinos amam o filme e a campanha, têm orgulho deles. Mas a gente precisa de ajuda externa para convencer os céticos. Para isso, estamos tentando entrar em contato com Pelé e pedir para ele ser o padrinho de nossa campanha. Ele tem um sorriso cativante, é uma lenda viva e pode juntar milhares de pessoas em torno de um objetivo. Pelé, se você pode me ouvir, precisamos de você e adoraríamos recebê-lo em Israel e na Palestina.

Você não tem medo de assumir a responsabilidade de um evento desse porte em uma região tão instável?
As Copas no Brasil e na África do Sul nos inspiram e mostram que o maior evento esportivo do mundo pode ser realizado em países com problemas de segurança. O evento obriga os governos a controlar a violência. Nossa esperança é que isso aconteça aqui.

Como a Copa do Mundo pode ajudar a trazer a paz entre dois povos que vivem em guerra ou no limiar de um conflito há mais de meio século?
Existem muitas maneiras de baixar a voz e o poder dos radicais. O enorme investimento feito na economia local para organizar o Mundial pode dar trabalho a muita gente que não tem emprego e acabou enveredando por ideologias extremistas para canalizar sua miséria. A mídia também deve fazer algum esforço e parar de ser usada como palco para que eles dispersem o ódio. É preciso dar um cartão vermelho para os radicais.

E por que uma ONG palestina alcançaria o que políticos experientes tentam há tanto tempo e não conseguem?
Acho que nossos governos e líderes são fracos e sem criatividade. ONGs em Israel e Palestina fazem muito para promover uma agenda e uma visão diferentes, que deveriam estar vindo dos governantes. Mas é óbvio que ainda há uma quantidade enorme de coisas para se fazer antes de conseguirmos trazer paz e futebol para o Oriente Médio. Estamos dando um primeiro passo.

Quais são os próximos passos?
Dentro de pouco tempo lançaremos o site em hebraico e em árabe. Convidaremos os internautas para uma competição onde quem quiser poderá fazer um vídeo com sua visão de Israel e Palestina em 2018 e hospedar com a gente.


Veja o vídeo da campanha:






Fonte: Globo Esporte

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