sexta-feira, 4 de abril de 2008

Leões de Bagdá

Leões que escaparam de zôo de Bagdá inspiram HQ



Em abril de 2003, durante a invasão americana no Iraque, o zoológico de Bagdá foi alvo de pesados bombardeios. Abandonados pelos tratadores, centenas de animais foram roubados, morreram de fome ou escaparam. A graphic novel “Leões de Bagdá” usa a história real de quatro felinos que fugiram do zôo para apresentar os diversos pontos de vista (de iraquianos e americanos) sobre a chamada “libertação” do país do governo de Saddam Hussein.

Publicada em 2006 nos Estados Unidos como "Pride of Baghdad" e com previsão de lançamento no Brasil para este semestre, pela editora Panini, a HQ tem ilustrações de Niko Henrichon e roteiro de Brian K. Vaughan.

Veja galeria de imagens da publicação


Vencedor do Eisner Award de 2005 (espécie de Oscar dos quadrinhos), Vaughan é autor das elogiadas “Y: the last man” e “Ex machina”, série inspirada pelos ataques do 11 de setembro, que trazia o prefeito de Nova York como um super-herói. Nascido em Cleveland, Ohio, em 1976, o escritor falou ao G1 sobre “Leões de Bagdá”, política nos quadrinhos e seu trabalho como roteirista no seriado de TV “Lost”.

G1 – Por que você resolveu transformar a história dos leões que escaparam do zoológico de Bagdá em uma graphic novel?
Brian K. Vaughan – Do “Tio Patinhas”, de Carl Barks, a “Maus”, de Art Spiegelman, nosso meio tem uma rica tradição de contar histórias profundas com animais antropomorfizados. Eu estava tentanto me forçar a experimentar com esse instrumento de contar histórias, e também estava afim de escrever algo que desse conta dos meus sentimentos conflituosos com relação a ainda existente Guerra do Iraque. Quando li relatos na mídia britânica de um bando de leões que tinha escapado do zoológico de Bagdá em 2003, sabia que tinha um ponto de partida para a história que eu queria contar.

G1 – Por que você resolveu transformar a história dos leões que escaparam do zoológico de Bagdá em uma graphic novel?
Brian K. Vaughan – Do “Tio Patinhas”, de Carl Barks, a “Maus”, de Art Spiegelman, nosso meio tem uma rica tradição de contar histórias profundas com animais antropomorfizados. Eu estava tentanto me forçar a experimentar com esse instrumento de contar histórias, e também estava afim de escrever algo que desse conta dos meus sentimentos conflituosos com relação a ainda existente Guerra do Iraque. Quando li relatos na mídia britânica de um bando de leões que tinha escapado do zoológico de Bagdá em 2003, sabia que tinha um ponto de partida para a história que eu queria contar.

G1 – Que tipo de referências você e Niko usaram para criar a obra? Vocês de fato foram ao Iraque?
Vaughan – Não fui, infelizmente, mas passei semanas lendo sobre a região, estudando a história do Iraque, aprendendo tudo o que podia sobre leões, juntando toneladas de referências fotográficas e conversando longamente com pessoas que passaram tempo em Bagdá depois que a guerra começou, incluindo Mariette Hopley, veterinária do Fundo Internacional para o Bem-estar dos Animais (IFAW, na sigla em inglês).

G1 – Política é um tema que também está presente em outro livro seu, “Ex Machina”. Você acredita que os quadrinhos “mainstream” são um bom lugar para debates políticos? Existe uma tendência nesse sentido, especialmente após os eventos de 11 de setembro?
Vaughan – Não sei se é tendência, mas acho sim que os quadrinhos são a arena ideal para o discurso político. Afinal, foram as charges políticas de Thomas Nast que derrubaram Boss Tweed (político de Nova York condenado à prisão por roubar os contribuintes) em 1870. E há um motivo pelo qual os panfletos de propaganda geralmente vêm na forma de cartuns. Não há nada mais poderoso, mais universal, do que a combinação de palavras e imagens.

G1 – Você acaba de terminar o último volume de “Y: the last man”. Qual a importância desse trabalho para a sua carreira nos quadrinhos e como roteirista? Você tem intenção de retomar a série em algum momento?
Vaughan – Eu certamente devo tudo que tenho hoje a esse livro, mas, não, não tenho intenção nenhuma de voltar a “Y”. Histórias precisam de finais.

G1 – E falando em fim: “Lost”. Você está trabalhando nos últimos capítulos da saga. Teremos um final nos moldes tradicionais com respostas para todas as perguntas estranhas que foram sendo levantadas ao longo da série?
Vaughan – Sinto muitíssimo, mas tudo o que posso dizer é: fique ligado.

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