segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Raimundo Carrero na FMN

As histórias de Raimundo Carrero

Com muito bom humor, o escritor-jornalista falou sobre sua vida em aula para estudantes de comunicação
Ninguém – a não ser os grandes romancistas – imaginaria que alguém que passou um ano internado numa clínica de repouso, sairia para se tornar um dos maiores escritores de seu estado. A trajetória de Raimundo Carreiro, 60 anos, provou que a ficção pode sim se tornar realidade. No ultimo dia 3 de outubro, escritor sertanista de Salgueiro esteve numa sala de aula da Faculdade Mauricio de Nassau, em Recife, falando sobre jornalismo, literatura e, para fascínio dos presentes, sobre sua vida. A palestra contou com, cerca de, cinqüenta estudantes de comunicação.
Raimundo Carrero, que ganhou duas vezes o prêmio Jabuti de literatura (1995 e 1999), é autor de vários romances e, mesmo sem diploma, um dos grandes jornalistas de Pernambuco. Sua história como escritor é intimamente ligada à sua vida no Sertão. Já quando criança, gostava de ler os livros que o irmão mais velho possuía. Os autores lidos quando ainda adolescente, iam de Machado de Assis a Willian Shakspere. Mesmo tendo caminhado pelos caminhos da música, quando tocava na banda pop “Os Tártaros”, formada com amigos, Raimundo sentia-se atraído para enveredar no caminho das palavras.
A decisão final veio quando Ariano Suassuna, autor muito querido por Carrero, leu um livro que escrevera e deu sinais de que ganharia um colega de profissão. Sua primeira publicação, com prefácio escrito por Ariano, foi “A história de Bernarda Soledade”, em 1975.
Ao contrário da maioria das pessoas, o escritor afirma que não é necessário ter talento para ser escritor ou jornalista: “Quem tem talento, está lento! Qualquer pessoa pode virar um escritor em potencial se dedicar-se a isso. (...) Além disso, para ser um bom jornalista é preciso ter noções básicas de gramática”.
Sobre suas obras, Raimundo diz que queria ter um de seus livros adaptadas ao cinema, mesmo que isso representasse uma queda nas vendas e na leitura dos livros. O prazer de ser escritor e ver suas estórias conhecidas pelo povo parece ser o combustível de Carrero. Segundo ele, certa vez ficou feliz quando um rapaz levou uma cópia de seu livro para ser autografado.


Raimundo Jornalista


Bem que Raimundo tentou, mas, segundo ele, o curso de jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco era teórico demais para que fosse até o fim. Trancou a faculdade, mas não abandonou seu sonho. Sua grande paixão sempre foi escrever. Por isso, em 1968, Raimundo Carreiro trabalhou de graça no Diário de Pernambuco. Depois de sua contratação no ano seguinte, virou editor, foi demitido, trabalhou na TV Universitária e, atualmente, trabalha no Suplemento Cultural do Diário Oficial.
Além de defender que o “sujeito aprende jornalismo na tora do dia-a-dia”, reconhece a importância do curso superior para o futuro da profissão: “Isso que vocês estão aprendendo aqui é uma base para o que vão ver lá fora”, disse Carrero.
Em certo momento da palestra, Raimundo fez os presentes caírem na gargalhada quando afirmou que o jornalista precisa de bunda: “jornalista precisa ter bunda para agüentar ficar sentado em quanto escreve”.
Em uma época onde não se exigia o diploma, Carrero fez sua história no jornalismo, talvez por isso não consiga se desprender dele. Raimundo, que passou pelas principais mudanças e dificuldades tecnológicas do jornalismo, revelou que, por conta de seu ofício ligado à tela do computador, está com um grave problema de visão. No momento, está ministrando aulas especiais sobre como escrever bem, a pessoas que se interessam por literatura.

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