terça-feira, 16 de outubro de 2007

Manifesto pela paz

Velas simbolizam desejo pela paz



Mais de 150 velas foram acesas ontem (16/10) na Praia de Boa Viagem, Zona Sul da capital, para chamar a atenção para a epidemia da violência urbana e cobrar políticas públicas de segurança.

Os números confirmam que a luta não é à toa: de janeiro a setembro deste ano, 3.473 pessoas morreram assassinadas no Estado. No ato Uma hora pela vida, que aconteceu simultaneamente no Recife e no Rio de Janeiro, os manifestantes deixaram claro que não toleram a rotina de vidas perdidas para a barbárie.

Familiares de vítimas de violência estiveram entre as dezenas de manifestantes, que permaneceram na Avenida Boa Viagem das 20h às 21h. Uma dessas pessoas era a advogada Renata Escobar, 32 anos, sobrinha do psicanalista Antônio Carlos Escobar, morto ao tentar evitar um assalto no Pina, em 2005. “Nada mudou de lá para cá. Houve muitas tentativas e promessas do governo, mas a população não vislumbra qualquer mudança até agora”, indignou-se ela, que também conhecia a dentista Raphaela Arcoverde, 26, assassinada após tentativa de roubo no Cordeiro, Zona Oeste, mês passado.

Entidades como o Centro de Mulheres do Cabo e o Instituto Antônio Carlos Escobar (Iace) deram apoio ao movimento, criado pela ONG Rio de Paz, do Rio de Janeiro. Dezenas de pessoas que caminhavam pelo calçadão pararam para observar o ato. Gente como a dona de casa Maria José da Silva, 51, e o mensageiro Marcos Leandro da Silva, 36. Ela, moradora de Boa Viagem, diz que apóia manifestações semelhantes, embora veja pouco resultado. “É difícil transformar a situação. Se as pessoas aderirem mais, talvez haja alguma melhora”, opinou.

Para o mensageiro Marcos Leandro, que mora na comunidade Entra Apulso, no mesmo bairro, faltam investimentos governamentais na área. “Onde moro a violência é grande, não dá para sair de casa. Convivemos com o desemprego, a fome e a educação precária.”

Coordenador da organização que liderou o protesto, o Recife pela Paz, Daniel Chagas acredita que a sociedade precisa se envolver com mais afinco na luta contra a violência. “Enquanto o problema não atinge nossa família, ficamos apáticos. Mas se cada um fizer sua parte, cobrando soluções das autoridades, poderemos alcançar níveis mais amenos de violência. Para prevenir a criminalidade, é preciso valorizar a vida. Não é o que vemos hoje, quando se mata por causa de R$ 0,40, como aconteceu esta semana em São Paulo”, criticou.


Fonte: Jornal do Commercio

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